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Endometriose: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e recuperação

Endometriose: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e recuperação

Endometriose: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e recuperação

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A endometriose é uma condição que afeta cerca de seis milhões de brasileiras com idade entre 25 e 35 anos. Além de muitas vezes provocar dor e desconforto, essa condição ainda pode causar dificuldades para engravidar. Nesse caso, é necessário um tratamento específico para as mulheres que desejam ter filhos.

Apesar de muitas vezes estar associada a fortes cólicas no período menstrual, não significa que a mulher que sofre com cólicas intensas apresenta endometriose. Descubra o que provoca essa doença, como é feito o diagnóstico, quais os tratamentos indicados e muito mais a respeito dessa doença.

O que é endometriose?

Endometriose é uma doença que ocorre quando o endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero) se desenvolve fora da cavidade uterina, ou seja, em outras regiões do corpo da mulher.

Todos os meses, a espessura do endométrio aumenta naturalmente para permitir a implantação do óvulo fecundado. Quando a gravidez não acontece, o endométrio passa por um processo de descamação e é então eliminado através da menstruação.

Entretanto, há casos onde algumas células do endométrio acabam se deslocando no sentido contrário, atingindo os ovários ou a cavidade abdominal e se multiplicando, o que resulta na lesão endometriótica.

Essa formação externa geralmente acontece nos outros órgãos da pelve, como ovários, trompas, bexiga, intestino e reto. Porém, a formação desse tecido também pode acontecer em outras partes do corpo.

Causas

Além do refluxo sanguíneo que ocorre durante a menstruarão (como explicado anteriormente), outras causas ainda não totalmente esclarecidas podem estar relacionadas ao surgimento da doença, como:

Crescimento de células embrionárias

Tanto o abdômen como as cavidades pélvicas são revestidos por células que se originam de células embrionárias comuns. Por motivos ainda não conhecidos, algumas dessas células podem se transformar em tecido endometrial, levando ao aparecimento da doença.

Deficiências no sistema imunológico

Também é possível estar relacionada com o sistema imunológico deficiente, o que dificulta a capacidade do corpo em reconhecer e eliminar as células endometriais que se manifestam em lugares indevidos do corpo.

Cirurgias

Cirurgias como cesariana ou histerectomia podem levar células do endométrio a se fixarem nas incisões, resultando em um quadro de endometriose.

Sintomas

O primeiro sintoma da endometriose é a dor pélvica, que geralmente está associada ao ciclo menstrual da mulher. Os sintomas se manifestam isoladamente ou em conjunto, sendo os mais comuns:

  • Dores pré-menstruais
  • Cólicas intensas e dor durante a menstruação
  • Menstruação irregular ou com sangramento intenso
  • Mudança no comportamento intestinal durante a menstruação
  • Dor ao urinar e evacuar, principalmente no período menstrual
  • Dor nas relações sexuais com penetração
  • Infertilidade ou dificuldade para engravidar

Há mulheres que não sentem nenhum desconforto, enquanto outras sentem fortes dores, que impossibilitam a prática de atividades habituais. É importante ressaltar que a intensidade da dor não tem relação alguma com a extensão do problema.

Foto: Divulgação

Fatores de risco

Trata-se de uma doença que pode se manifestar na mesma família. A mulher cujo a mãe ou irmã apresentam o histórico da doença tem seis vezes mais chances de desenvolver endometriose.

Outros prováveis fatores de risco são:

  • Começar a menstruar precocemente
  • Mulheres que nunca tiveram filhos
  • Menstruação que dura mais de sete dias
  • Anormalidades no útero

Diagnóstico

Quando há a suspeita de endometriose, o diagnóstico pode ser feito com base na descrição dos sintomas e também através de exames como:

  • Exame ginecológico
  • Ultrassom
  • Ressonância magnética
  • Laparoscopia

Apesar de o diagnóstico ser feito por volta dos 30 anos de idade, o provável é que a endometriose tenha início por volta de alguns meses depois da primeira menstruação.

Tipos de endometriose

Há três tipos de endometriose, a superficial, de ovário e profunda. Entenda a diferença entre elas a seguir:

Endometriose superficial

É caracterizada quando o endométrio se localiza na superfície do tecido que recobre as paredes abdominais e a superfície dos órgãos digestivos (chamado peritônio).

Mesmo sendo superficial, pode provocar dores intensas. Apresenta uma tonalidade vermelha quando está mais ativa, preta na fase de remissão e branca quando se cicatriza.

Endometriose de ovário

Quando a doença ocorre no ovário, pode atingi-lo de forma superficial ou causar cistos, que são chamados de endometriomas ou cistos chocolate (devido a tonalidade amarronzada que apresenta, o que é provocado pelo sangue antigo e espesso).

Endometriose profunda

Corresponde ao estágio mais grave da doença e se caracteriza pela presença de endométrio com mais de 5mm de profundidade. Nesse caso, pode acabar comprometendo as ligações uterinas, bexiga e intestino.

A endometriose profunda é a que pode causar mais dor e possui um tratamento mais complexo que as demais.

Exame de Videolaparoscopia

A videolapareoscopia (conhecida popularmente como lapareoscopia) é uma cirurgia que tem como objetivo diagnosticar e tratar doenças na região abdominal. Trata-se de uma cirurgia feita com a introdução de uma pequena câmera na cavidade pélvica, não precisando de cortes extensos na pele.

Essa cirurgia é indicada para aumentar as chances de fertilidade e vai depender da gravidade da doença. Por isso, há situações onde outros tratamentos são indicados, como no caso da fertilização in vitro.

CID

A CID- 10 é usada para classificar e padronizar as doenças e problemas de saúde, de acordo com o que foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dependendo da área que foi afetada, há a classificação por uma subcategoria do CID-10:

CID 10 – N80
Endometriose
CID 10 – N80.0
Endometriose do útero
CID 10 – N80.1
Endometriose do ovário
CID 10 – N80.2
Endometriose da trompa de Falópio
CID 10 – N80.3
Endometriose do peritônio pélvico
CID 10 – N80.4
Endometriose do septo retovaginal e da vagina
CID 10 – N80.5
Endometriose do intestino
CID 10 – N80.6
Endometriose em cicatriz cutânea
CID 10 – N80.8
Outra endometriose
CID 10 – N80.9
Endometriose não especificada

Endometriose tem cura?

Essa doença não é curável. Como a endometriose é caracterizada pela presença de células endometriais na região externa ao útero, pode-se concluir que a mulher está curada quando essas lesões são removidas.  Porém, após o tratamento, a mulher continua a apresentar propensão para voltar a ter essa doença.

Por esse motivo, é fundamental ter um acompanhamento rigoroso e o uso de medicamentos recomendados pelo médico para evitar que a doença volte a se manifestar.

Tratamento

O tratamento busca trazer alívio das dores e outros desconfortos ocasionados pela doença, além de também poder ter como finalidade ampliar as chances de gravidez.

O médico determina como será o tratamento, levando em conta fatores como a gravidade da doença, idade da mulher e se ela deseja ou não ter filhos. Poderá ser feito através do uso de medicamentos ou cirurgia e também há casos em que ambos os procedimentos são realizados.

Tratamento cirúrgico

No procedimento cirúrgico é feita a remoção da endometriose através da videolaparoscopia. Em geral, a intervenção cirúrgica é feita para eliminar os focos da doença. Mas, em casos mais sérios, é necessária até mesmo a remoção dos órgãos que foram afetados.

A histerectomia (que consiste na remoção do útero, trompas e ovários) pode ser a melhor chance para a cura. Porém, em alguns casos bastante raros a doença pode voltar a se manifestar. Após a remoção dos ovários pode ser necessário realizar uma terapia de reposição hormonal.

Tratamento com medicamentos

Há vários medicamentos que são indicados para o tratamento da endometriose, como analgésicos e anti-inflamatórios. O médico também poderá indicar o uso do DIU com levonorgestrel.

Tratamento Natural

Uma boa alternativa que serve como complemento para o tratamento da endometriose é consumir soja em cápsulas ou nos alimentos, o que ajuda a reduzir os sintomas provocados pela doença.

Comprimidos à base de agnocasto, chás ou cápsulas de unha-de-gato e vitex agnus-castus também podem trazer bons resultados.

Consumir bebidas quentes e usar uma bolsa de água quente também ajuda a aliviar os sintomas, já que relaxam os músculos abdominais. Exercícios leves, como caminhada, contribuem para reduzir o nível de estrogênio no sangue, o que pode diminuir o desenvolvimento da endometriose.

Alimentação para auxiliar no tratamento

Estudos indicam que ter uma alimentação adequada ajuda no tratamento e também no combate à endometriose.

A dieta ideal deve incluir frutas, legumes e hortaliças em uma quantidade generosa. Vitaminas do complexo B são fundamentais para o controle dos níveis de estrogênio. A a vitamina C apresenta uma forte ação anti-inflamatória e analgésica, o que ajuda a evitar os sintomas da doença.

Já a ingestão de alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados (ômega 3 e 6) reduzem as substâncias que provocam dor e inflamação.

Por isso, entre os alimentos que ajudam a aliviar os sintomas da doença encontram-se:

  • Alimentos com fibras
  • Frutas e verduras frescas
  • Cereais integrais e vegetais crus
  • Fígado de bacalhau
  • Atum
  • Sardinha
  • Semente de abóbora
  • Linhaça dourada

Chá funciona?

O chá de camomila e o chá de gengibre são aliados para o tratamento da doença. A camomila causa o alívio das dores provocadas pela endometriose, enquanto que o gengibre ajuda a reduzir as náuseas. Veja como preparar:

Chá de camomila

Leve ao fogo um copo de água com 2 colheres de sopa de camomila, deixando ferver por 5 minutos. Tome o chá quando sentir os sintomas.

Chá de gengibre

O chá é feito usando 3 colheres de sopa de gengibre e um copo de água. Após ferver por 5 minutos, já está pronto para beber.

Prevenção

Como ainda não há uma concordância entre os médicos a respeito das causas que fazem com que a doença se desenvolva, também não existe um consenso sobre a sua prevenção. Apesar disso, estudos apontam que alguns fatores podem estar relacionados à ocorrência da endometriose.

O consumo de álcool, carne vermelha e cafeína em excesso podem estar relacionados ao aumento do risco e também ao agravamento dos sintomas.

O uso da pílula anticoncepcional é apontado por alguns pesquisadores como um dos fatores que podem aumentar o risco de desenvolver a doença. Entretanto, outros não atribuem o uso das pílulas ao surgimento da endometriose.

Cirurgia de endometriose

Na cirurgia para tratar a endometriose (geralmente a videolaparoscopia) são removidas todas as lesões encontradas. Ela é feita sob anestesia geral e o tempo de duração é de pouco mais de duas horas.

Para realizar o procedimento é exigida uma estrutura hospitalar adequada, com equipe especializada e equipamento específico. Geralmente a alta é dada após 24 horas da cirurgia.

Recuperação

Apesar de ser uma cirurgia minimamente invasiva, é muito importante manter o repouso para que os tecidos possam se cicatrizar e não ocorram complicações.

É permitido fazer caminhadas leves por um período curto de tempo, o que ajuda a acelerar a recuperação, pois melhora a circulação sanguínea e elimina os gases que acabam se acumulando na região do abdômen depois da cirurgia.

Pós-operatório

No pós-operatório é possível ocorrer sangramentos por cerca de uma semana. Os medicamentos para dor incluem comprimidos de paracetamol, supositórios anti-inflamatórios ou outros similares. O médico também pode indicar o uso de medicamentos hormonais ou anti-hormônio por 90 dias.

É fundamental lavar bem a ferida com água e sabão, e em seguida secá-la bem. A paciente não deve tomar banho de banheira ou de piscina no período de recuperação.

O tempo para se recuperar da cirurgia varia de uma semana a 30 dias. Durante esse tempo, é essencial que a mulher evite praticar atividades físicas, relações sexuais, trabalhar ou dirigir.

Riscos

Como qualquer cirurgia desse tipo, os riscos estão relacionados ao procedimento anestésico. Também há os riscos da técnica usada (cirurgia clássica ou laparoscopia) e a região onde será feita. No caso da endometriose profunda, os riscos de perfuração intestinal são maiores.

Por reduzir esses riscos, a paciente deve contar com um cirurgião experiente nessa doença.

Endometriose e gravidez

As lesões causadas pela endometriose podem resultar em uma distorção na anatomia das tropas, impedindo que os espermatozoides se encaminhem em direção ao óvulo e dificultando a gravidez.

Outro problema é que os óvulos podem ter sua qualidade reduzida por conta da doença, resultando na formação de embriões que apresentam maior dificuldade para se implantar.

Quem tem endometriose pode engravidar?

É possível engravidar com o diagnóstico de endometriose. Porém, cerca de 50% das mulheres com a doença encontram dificuldades para engravidar, levando à necessidade de fazer um tratamento para esse fim.

Endometriose pode virar câncer?

Apesar de não haver evidências de que a endometriose possa vir a se tornar câncer, estudos apontam que as chances de mulheres com essa doença desenvolver câncer de ovário, renal ou de tireoide são maiores do que as que não possuem endometriose.

Endometriose engorda?

O fato de a endometriose estar relacionada ao ganho de peso é porque o tratamento é feito com medicamentos hormonais com objetivo de controlar os sintomas da doença. Isso acaba alterando o metabolismo e pode resultar no aumento de peso. Ou seja, não é a doença que faz engordar.

Porém, é possível recuperar o peso ideal sem dificuldade com a prática de atividades físicas após realizar o tratamento, sempre com a indicação do médico.

Referências

Clique para acessar o pcdt-endometriose-retificado-livro-2010.pdf

http://www.minhavida.com.br/saude/temas/endometriose

http://endometriose.com/index.php/tipos/

http://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/

http://www.endometriose.net.br/

https://iclinic.com.br/cid/capitulo/14/grupo/159/categoria/1056/

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